domingo, 11 de novembro de 2012

ESTUDANDO PARA AS OLIMPIADAS DE GEOGRAFIA

Somos 7 bilhões de pessoas no mundo     
A população mundial pode chegar à marca dos 9 bilhões até 2045. O planeta vai conseguir sustentar tanta gente?
Índia Com as ruas lotadas de vendedores, pedestres e táxis, Ambassador, Kolkata (Calcutá) pulsa com cerca de 16 milhões de habitantes - e todos os dias chega mais gente vinda de vilarejos rurais. Em 1975, apenas três cidades do mundo tinham mais de 10 milhões de moradores. Hoje existem 21 dessas megacidades, a maioria nos países em desenvolvimento, onde as áreas urbanas absorvem parcela cada vez maior da população mundial.
Certo dia no outono de 1677 na cidade holandesa de Delft, Antoni van Leeuwenhoek, um mercador de tecidos que se supõe ter servido de modelo para dois quadros de Johannes Vermeer - O Astrônomo e O Geógrafo -, saiu da cama, interrompendo de repente o que estava fazendo com sua mulher, e correu para a mesa de trabalho. Os tecidos permitiam a Leeuwenhoek ganhar a vida, mas o que o fascinava mesmo era a microscopia.
Leeuwenhoek possuía uma lupa minúscula e poderosa, feita por ele mesmo. Na Real Sociedade de Londres, sábios ainda estavam tentando comprovar a alegação anterior de Leeuwenhoek, segundo o qual havia milhões de "animálculos" invisíveis em uma única gota d’água de um lago e até mesmo no vinho francês. Agora ele tinha algo mais constrangedor a relatar: o sêmen humano também estava repleto daqueles animálculos. "Às vezes mais de um milhar", escreveu, "em uma quantidade pequena de material como um grão de areia." O holandês observou seus próprios animálculos nadando de um lado para outro, impulsionados por sua longa cauda.
Depois disso, Leeuwenhoek ficou obcecado. Embora a lupa lhe proporcionasse acesso privilegiado a um universo infinitesimal jamais visto, ele dedicou um tempo descomunal a examinar os animálculos hoje conhecidos como espermatozoides. E, curiosamente, foi o líquido seminal que extraiu de um bacalhau que o inspirou, quase por acaso, a tentar calcular a quantidade máxima de pessoas que poderiam viver na Terra.
Ninguém na época tinha a menor ideia, pois os censos eram raros. Leeuwenhoek, então, partiu da estimativa de que cerca de 1 milhão de pessoas viviam na Holanda. Recorrendo a mapas e noções de geometria esférica, ele calculou que a área terrestre habitada do planeta era 13 385 vezes maior que a da Holanda. Era difícil imaginar o planeta todo mais densamente povoado que o próprio país, que na época já parecia bastante apinhado. Portanto, sua conclusão triunfante foi a de que a Terra não poderia abrigar mais que 13 385 bilhões de pessoas - número até que pequeno se comparado às 150 bilhões de células espermáticas presentes em um único bacalhau! Esses cálculos singelos e otimistas, segundo o biólogo Joel Cohen, no livro How Many People Can the Earth Support? ("Quantas pessoas a Terra pode sustentar?", não lançado no Brasil), foram a primeira tentativa de se dar uma resposta quantitativa a uma questão que se tornou hoje bem mais urgente do que era no século 17. No entanto, a maioria das respostas atuais está longe de ser otimista.
John Stammeyer
De acordo com as estimativas mais recentes dos historiadores, na época de Leeuwenhoek havia apenas cerca de meio bilhão de seres humanos no mundo. Após crescer bem devagar durante milênios, esse número estava começando a ganhar impulso. Um século e meio depois, quando outro cientista comunicou a descoberta dos óvulos humanos, a população mundial tinha dobrado e ultrapassado a marca de 1 bilhão. Um século depois disso, por volta de 1930, ela havia dobrado mais uma vez, agora para 2 bilhões. Desde então a aceleração do crescimento demográfico foi assombrosa. Antes do século 20, nenhum ser humano tinha vivido o suficiente para testemunhar uma duplicação da população mundial, mas hoje há pessoas que a viram triplicar. Em algum momento no fim de 2011, segundo a Divisão de População das Nações Unidas, seremos 7 bilhões de pessoas.
Embora seu ritmo esteja diminuindo, essa explosão demográfica está longe de terminar. As pessoas passaram a viver mais tempo e há tantas mulheres ao redor do mundo em idade de procriar - 1,8 bilhão - que a população global ainda vai continuar crescendo pelo menos durante algumas décadas, mesmo que cada mulher tenha menos filhos que na geração anterior. Até 2050, o total de seres humanos no planeta pode chegar a 10,5 bilhões ou então se estabilizar por volta dos 8 bilhões - a diferença é de cerca de um filho para cada mulher. Os demógrafos da ONU consideram mais provável a estimativa média: eles estão projetando uma população mundial de 9 bilhões antes de 2050 - em 2045. O resultado final dependerá das escolhas feitas pelo casal quando realizar o mais íntimo dos atos humanos - aquele que, em prol da ciência, Leeuwenhoek interrompeu com tanto descaso.
Com a população mundial a aumentar ao ritmo de cerca de 80 milhões de pessoas por ano, é difícil não ficar alarmado. Em toda a Terra, os lençóis freáticos estão cedendo, os solos ficando cada vez mais erodidos, as geleiras derretendo e os estoques de pescado prestes a ser esgotados. Quase 1 bilhão de pessoas passam fome todo o dia. Daqui a algumas décadas, haverá mais 2 bilhões de bocas a ser alimentadas, a maioria em países pobres. E bilhões de outras pessoas lutarão para sair da miséria. Se seguirem pelo caminho percorrido pelas nações desenvolvidas - desmatando florestas, queimando carvão e petróleo, usando fertilizantes e pesticidas com abundância -, vai ser enorme o impacto sobre os recursos naturais do planeta. Como podemos conciliar tudo isso?
Talvez seja reconfortante saber que há muito o crescimento demográfico é motivo de preocupação. Desde o início, diz o francês Hervé Le Bras, a demografia esteve impregnada de discussões apocalípticas. Alguns dos textos fundamentais da disciplina foram escritos por sir William Petty, um dos fundadores da Real Sociedade de Londres. Segundo Petty, a população mundial duplicaria seis vezes até o Juízo Final, que se esperava ocorreria daqui a 2 mil anos. Naquela altura, a população superaria os 20 bilhões - ultrapassando a capacidade de produção de alimentos do planeta. "E então, de acordo com a previsão das Escrituras, devem ocorrer guerras e grandes matanças", escreveu ele.


Projeto Arara Azul: da beira da extinção aos céus do Pantanal
Arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus), a maior arara do mundo - Foto: Fábio Paschoal
Pantanal, 1989. A bióloga Neiva Guedes acompanhava um curso de conservação da natureza quando se deparou com uma árvore repleta de aves. O bando era majestoso, composto por cerca de trinta aves que coloriam a paisagem com um azul vibrante. Os olhos, negros, eram destacados por um anel amarelo de cor intensa e o bico era extremamente forte, capaz de quebrar a casca das mais duras sementes. Pela primeira vez na vida, Neiva se deparava com a maior arara do mundo, a arara-azul.
Mas aquela era uma cena rara. O desmatamento derrubava acuris e bocaiuvas, as palmeiras responsáveis pela produção das sementes que servem de alimento para arara-azul. O manduvi, árvore de cerne macio que abriga mais de 90% dos ninhos da espécie, dava lugar a pastos e plantações. Traficantes de animais escalavam as árvores que permaneciam de pé para pegar os filhotes e vendê-los, principalmente no exterior. Os animais eram transportados em caixas pequenas e superlotadas, sem água e sem comida. O estresse era grande e, na briga por espaço, as ararinhas acabavam mutiladas ou mortas. Algumas aves eram forçadas a consumir bebidas alcoólicas para se acalmar, enquanto outras recebiam um soco, para quebrar osso esterno e impossibilitá-las de cantar. A arara-azul estava à beira da extinção.

Traficantes colocam os filhotes de arara-azul em caixas superlotadas. Segundo o 1º Relatório Nacional Sobre o Tráfico da Fauna Silvestre, elaborado pela Renctas (Rede Nacional de Combate ao Tráfico de Animais), de cada 10 animais capturados pelo tráfico 9 acabam morrendo - Foto: Neiva Guedes
Em 1990 Neiva iniciou o Projeto Arara Azul. Com o objetivo de manter populações viáveis da espécie em vida livre no seu habitat natural e promover a conservação da biodiversidade do Pantanal, a bióloga começou a mudar a história da espécie.
A arara-azul passou a ser minuciosamente estudada. Dados sobre a biologia e reprodução eram coletados diariamente, a saúde dos filhotes era monitorada, ninhos artificiais foram instalados para aumentar a quantidade de locais disponíveis para a postura de ovos, tábuas foram colocadas em ninhos naturais que apresentavam uma abertura muito grande, deixando os filhotes mais protegidos contra predadores e as intempéries do tempo. Em paralelo um trabalho de educação ambiental era desenvolvido nas escolas, informando às crianças das ameaças do desmatamento e do tráfico de animais. As pessoas passaram a ter orgulho das aves e informavam o projeto da localização de novos ninhos. O tráfico passou a ser quase inexistente.
Em 22 anos a população, que era de 1.500 indivíduos, chegou a 5000 e as araras-azuis voltaram a pintar os céus do Pantanal.

Neiva Guedes, bióloga fundadora do Projeto Arara Azul e pesquisadora da Uniderp, mostra um ovo e um filhote de arara-azul com 10 dias no Pantanal- Foto: Eveline Guedes
Hoje, o monitoramento continua durante o ano inteiro. Na época de reprodução (julho a março) o trabalho é intensificado. O desenvolvimento dos filhotes é acompanhado por biólogos e veterinários que verificam os aspectos sanitários, anilham, colocam microchip e coletam amostras de material biológico e sangue para análise de DNA. O manejo dos ninhos, naturais e artificiais, é feito entre abril e junho. Todo o processo pode ser acompanhado pelos turistas que se hospedam no Refúgio Ecológico Caiman, onde está localizada a base do Projeto Arara Azul.

Daphne Nardi, bióloga do Projeto Arara Azul, checa as condições de saúde de um filhote de arara-azul no Pantanal - Foto: Fábio Paschoal
Kefany Ramalho, bióloga do Projeto Arara Azul, acompanha o desenvolvimento de um filhote que nasceu em um ninho artificial, no Pantanal - Foto: Fábio Paschoal
Mas há muito trabalho pela frente. Neiva diz que é necessário que as populações da Amazônia (aproximadamente 500 indivíduos) e do Nordeste (aproximadamente 1000 indivíduos) sejam estudadas e que haja um monitoramento de longo prazo em todas as regiões do país onde a ave ocorre, para verificar se o crescimento da espécie é sustentável ou se está acontecendo somente pelas ações realizadas pelo projeto.
Segundo Neiva, a espécie ainda é classificada como ameaçada de extinção pela lista vermelha da IUCN (União Internacional pela Conservação da Natureza na sigla em inglês) e pelo Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção. Assim, os esforços do Projeto Arara Azul continuam para tentar mudar esse status.
A bióloga acha que é preciso uma fiscalização mais efetiva para controlar o tráfico no norte e nordeste do Brasil. Ela acredita que as regiões onde as araras-azuis se encontram podem ser beneficiadas pelo ecoturismo, que traz novas oportunidades de emprego para as pessoas da região, gera renda e ativa a economia local.  “Creio que um dia a arara-azul sai da lista.”
Os filhotes de arara-azul que estavam amontoados na caixa foram encaminhados para o Centro de Recepção de Animais Silvestres (CRAS), onde receberam os devidos cuidados. Segundo Neiva Guedes essa foi a última apreensão de araras-azuis no Mato Grosso do Sul e ocorreu em 2004 - Foto: Neiva Guedes



Terra das águas
O Brasil dispõe de fartura de água doce, mas o consumo inconsequente e a falta de infraestrutura ameaçam jogar pelo ralo esse presente da natureza   
Com mais de 1 quilômetro de largura média acima das cataratas, o rio Iguaçu estreita-se em um canal de 65 metros. E então desaba, em quedas cuja altura chegam a 80 metros. Em certas épocas, deságuam 6 milhões de litros de água por segundo
Em 2009, uma equipe multinacional formada por cientistas da Petrobras, pesquisadores ingleses e holandeses da Universidade de Amsterdã perfurou um poço com 4,5 mil metros de profundidade na foz do rio Amazonas. Eles não estavam à procura de petróleo, mas capitaneavam uma espécie de viagem no tempo. Sua busca era pelo mais primitivo leito do rio, enterrado por milhões de anos de deposição de sedimentos. Mais tarde, a equipe anunciou a descoberta em uma revista especializada: de acordo com as análises dos estratos, o rio mais caudaloso do planeta nasceu há 12 milhões de anos.
Foi esse o tempo necessário para que o Amazonas projetasse em suas margens uma gigantesca floresta tropical. Sua água segue até o Atlântico e, por evaporação, volta a despencar sob a forma de chuvas torrenciais na selva. Um ciclo generoso, expresso em proporções colossais: trajeto de 6 675 quilômetros a partir dos Andes e vazão média diária de mais de 17 trilhões de litros - 15% de toda a água enviada ao mar pelos rios do planeta. É uma espécie de encanamento invisível na atmosfera, que, de forma espantosa, é o mesmo desde os primórdios.
A generosa bacia Amazônica é o exemplo mais contundente de uma nação pródiga em rios, lagos e aquíferos que, juntos, concentram mais de 11% de toda a água doce disponível da Terra. Não há fartura semelhante em outros cantos do globo. Considerando toda essa abundância, cada brasileiro teria à disposição, na teoria, 34 milhões de litros por ano. É uma quantidade fabulosa, 17 vezes maior do que a ONU considera uma média confortável de consumo.
Nas próximas décadas, nas quais o recurso tende a tornar-se escasso em todo o mundo, as questões mais importantes irão orbitar em torno do uso inteligente dessa água. "Mesmo a nossa fartura é aparente, já que os maiores rios estão distantes milhares de quilômetros dos principais aglomerados urbanos", analisa Wanderley da Silva Paganini, superintendente de gestão ambiental da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). "É preciso entender que se trata de um bem finito. Daí a importância de utilizar o mínimo necessário e não poluir as fontes naturais", completa ele.
Fábio Colombini
O consumo consciente, todavia, está longe de ser uma realidade no Brasil. Por dia, o brasileiro utiliza 132 litros de água em banhos, bebidas, cozinha, lavagem de carros, calçadas e pisos, além da rega de jardins e plantações de tamanhos variados. Com isso, quase 30% da água tratada nas cidades escorre pelos vazamentos nas ruas e no subsolo. "Na região metropolitana de São Paulo, no verão deste ano, por exemplo, tivemos picos de consumo de 84 mil litros por segundo, mais de 30% além do normal. Esse tipo de exagero poderia ser evitado sem dificuldade", diz Paganini.
O privilégio da abundância não se aplica a todos no Brasil. A distribuição nacional do recurso, tal qual a de renda, é perversa. Em torno de 80% da água concentra-se na Amazônia, onde vivem apenas 5% dos brasileiros, muitos dos quais diante de um terrível paradoxo: ainda que cercados de rios, os moradores do interior da Região Norte reconhecem na água potável um artigo de luxo. "Hoje, 19 milhões de pessoas, 10% da população, não têm acesso à água tratada. É muita gente", aponta Paganini. Em função disso e da pouca noção de cuidados básicos com higiene, o líquido que deveria matar a sede e garantir a saúde transmite doenças.
Já no semiárido nordestino, 18 milhões de pessoas sobrevivem em uma zona tomada por um dos maiores índices de evaporação do mundo. Ao longo do ano, ocorrem períodos de chuva, mas o solo e o clima árido não favorecem a formação de fontes ou rios volumosos. A pouca água acumulada nos poços rasos não recebe os cuidados básicos e acaba por se tornar, também, propagadora de enfermidades.
As dissonâncias naturais na geografia dos recursos hídricos do Brasil foram, em muitos aspectos, acentuadas por processos históricos. A mecanização da agricultura e a industrialização acelerada fizeram com que a maioria dos habitantes deixasse o campo, criando problemas relacionados à urbanização e, com isso, afetando as torrentes. O trecho paulistano do rio Tietê é a vítima mais evidente desse fenômeno: o corpo meândrico foi transformado em um canal reto; as várzeas inundáveis, tomadas de construções e asfalto impermeável; e o leito, convertido em esgoto. O resultado caótico desse desrespeito ao curso d’água são as trágicas enchentes exibidas pelos noticiários a cada verão.

O nadador
Na serra da Canastra, em Minas Gerais, o pato-mergulhão tem seu habitat natural

O vistoso penacho é uma marca da ave aquática de beleza discreta, que exibe plumagem escura de tonalidade verde metálico na cabeça. Não é fácil avistá-lo: além de raro, o pato-mergulhão é arisco.
Se fosse criado um ranking que definisse os animais mais exigentes com a qualidade de seu hábitat, o pato-mergulhão estaria entre os primeiros colocados da lista.
O Mergus octosetaceus só sobrevive em ecossistemas ambientalmente equilibrados, em especial aqueles em que há cursos d'água limpos e transparentes. Por causa dessa peculiaridade - e dada a delicada situação dos recursos hídricos do planeta no século 21 -, não é de espantar que essa ave aquática seja classificada como "criticamente em perigo" nas listas das espécies consideradas em sério risco de extinção.
No mundo todo restam, no máximo, 250 deles tentando subsistir em algumas áreas do interior da Argentina, do Paraguai e do Brasil. Por aqui, os patos-mergulhões ainda são avistados de forma esparsa na chapada dos Veadeiros, em Goiás, e no Jalapão, no Tocantins. O maior grupo, com cerca de 100 espécimes, resiste na serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, em um trecho perto dos limites do parque nacional homônimo. A razão principal dessa surpreendente população está na excelência das águas do São Francisco e de alguns de seus afluentes em um pequeno trecho que vai do alto da serra até a parte baixa da cachoeira Casca d'Anta - o cartão-postal do parque -, em um raio de 50 quilômetros desde a sua nascente.
Conhecido como o "rio da integração nacional" por banhar cinco estados e abastecer mais de 13 milhões de pessoas ao longo de 2,7 mil quilômetros, o São Francisco sofre com a poluição em vários trechos de seu percurso. Na Canastra, todavia, o pato-mergulhão ainda encontra os requisitos ideais para viver bem. "A espécie necessita de correntes d'água 100% limpas, protegidas por matas ciliares preservadas e com abundância de peixes, em especial o lambari, seu prato preferido", explica Flávia Ribeiro, bióloga do projeto Pato Aqui, Água Acolá, da organização não governamental Instituto Terra Brasilis, que, desde 2001, se dedica ao estudo e à proteção da espécie. "Essa é a razão pela qual o pato-mergulhão é considerado um ‘bioindicador'. É como se a ave fosse um selo vivo de qualidade ambiental que atesta o equilíbrio ecológico do território em que habita", explica a bióloga.
O trabalho de Flávia e seus colegas envolve uma rotina incansável de localização e observação dos patos à beira do São Francisco. O monitoramento inclui caminhadas de 3 a 6 quilômetros pelas margens do rio, muitas vezes dentro dele. Mesmo assim, a pesquisadora admite que ainda não se conhecem muitos detalhes sobre os hábitos da espécie, descrita pela primeira vez em 1817 mas até hoje pouco estudada. "Sabemos que são sobretudo animais monogâmicos, com período reprodutivo entre maio e setembro, quando chocam até oito ovos por ninhada. Os filhotes nascem depois de pouco mais de 30 dias de incubação e permanecem com os pais por até dez meses", conta Flávia.
Adriano Gambarini
Ao contrário de outras regiões brasileiras em que a espécie ocorre, os pesquisadores constataram aumento na população dos patos-mergulhões na Canastra nos últimos anos. No passado, o garimpo do diamante ameaçava as aves - o resultado da atividade era a destruição de seu hábitat pluvial pelo depósito de sedimentos. Com o fim da corrida ao minério em 1995, a população voltou a crescer. Atualmente, sabe-se que os mais terríveis inimigos da ave são a retirada da mata ciliar, o assoreamento do São Francisco, a expansão da agropecuária e o uso de agrotóxicos. "O crescimento do turismo desorganizado e a prática de esportes radicais nas proximidades de seu território também tiram o sossego desses animais, arredios e assustadiços", conta Lívia Lins, coordenadora do Pato Aqui, Água Acolá.
Por tudo isso, o programa investe em outra frente de batalha para salvar o sensível pato-mergulhão: a busca de aliados para a preservação. Os pesquisadores realizam um trabalho de educação ambiental e conscientização porta a porta entre moradores das imediações e produtores rurais - a região, forrada de pequenas fazendas, é famosa por seus queijos. A estratégia consiste em entregar calendários e folhetos que ensinam às pessoas como identificar a espécie - muitas vezes o pato é confundido com o biguá, outra ave aquática mas comum em todo o Brasil. Juntamente com esse material informativo, consta uma ficha destacável em que podem ser feitas anotações sobre o avistamento dos animais.
"A intenção é mostrar aos vizinhos do pato-mergulhão que a espécie, tanto quanto todos nós, depende de água limpa para sobreviver. Estamos tentando fazê-los perceber que proteger o pato é também garantir a pureza dos mananciais para abastecimento", diz Lívia. O próximo passo é traçar uma análise minuciosa das condições das cabeceiras do São Francisco na serra da Canastra para encontrar meios de garantir limpidez de suas águas e abundância de peixes. Só assim será possível livrar a ave do estigma de estar entre as mais raras do planeta.


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Acre sofre com invasão de imigrantes do Haiti

Sobe para 1.400 o número de haitianos em Brasileia. Maioria é de profissionais qualificados

Haitianos se reúnem em praça na cidade de Brasileia, no Acre Alexandre Lima
SÃO PAULO - Nos últimos três dias de 2011, uma leva de 500 haitianos entrou ilegalmente no Brasil pelo Acre, elevando para 1.400 a quantidade de imigrantes daquele país no município de Brasileia (AC). Segundo o secretário-adjunto de Justiça e Direitos Humanos do Acre, José Henrique Corinto, os haitianos ocuparam a praça da cidade. A Defesa Civil do estado enviou galões de água potável e alimentos, mas ainda não providenciou abrigo.
Corinto irá hoje ao município para discutir medidas de emergência no atendimento aos haitianos. Outra equipe estará em Assis Brasil (AC), fronteira com a Bolívia, para saber se há mais haitianos chegando.
A chegada em massa de imigrantes nos últimos dias ocorreu depois de boatos de que o governo brasileiro passaria a expulsar haitianos a partir do dia 31 de dezembro. Os rumores começaram depois de reunião do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare), ocorrida em 16 de dezembro. A assessoria do comitê, órgão presidido pelo Ministério da Justiça, confirmou na semana passada que o Brasil estuda medidas para reprimir a imigração ilegal e o tráfico de pessoas pela fronteira com o Acre, mas negou que qualquer decisão a respeito dos haitianos tenha sido tomada.
De acordo com o órgão, os haitianos não podem ser considerados refugiados, pois não são perseguidos por motivos políticos, de raça ou religião em seu país. Por isso, a opção pelo visto humanitário.
Para não chegar ao Brasil ilegalmente, os haitianos deveriam pedir visto em seu país de origem, o que não acontece. Segundo informações do governo do Acre, pelo menos 2.300 haitianos entraram no Acre em 2011. O Conare informou que foram concedidos 1.600 vistos humanitários a haitianos no ano passado.
A imigração ocorre porque o Haiti ainda não se recuperou dos estragos causados pelo terremoto de janeiro de 2010. O primeiro grande grupo de haitianos, formado por 140 pessoas, chegou em Brasileia no dia 14 de janeiro de 2011. Desde então, a entrada ilegal continua, mas eles não são expulsos: obtêm visto humanitário e conseguem tirar carteira de trabalho e CPF para morar e trabalhar no Brasil.
Haitianos que chegam têm qualificação profissional
Segundo Corinto, ao contrário do que se imagina, não são haitianos miseráveis que buscam o Brasil para viver, mas pessoas da classe média do Haiti e profissionais qualificados, como engenheiros, professores, advogados, pedreiros, mestres de obras e carpinteiros. Porém, a maioria chega sem dinheiro. A primeira parada é em Brasileia, mas os destinos preferidos são São Paulo, Porto Velho e Manaus.
— Pelo menos 10% dos haitianos se fixaram em Porto Velho e estão empregados. Conheci cinco professores poliglotas, que aprenderam português e buscam regularizar o diploma para lecionar aqui — afirma Corinto.
Com a construção de usinas do Rio Madeira, em Porto Velho, a cidade sofre com a falta de mão de obra especializada, abrindo mercado de trabalho para imigrantes.
A situação dos haitianos em Brasileia se torna dramática porque a espera pela documentação chega a 40 dias e o município, de apenas 22 mil habitantes, não tem infraestrutura para suportar a chegada de tanta gente. No hotel da cidade, com 30 quartos, estão cerca de 700 haitianos. Com a chegada de centenas de novos imigrantes nos últimos dias, os banheiros do hotel passaram a ser coletivos.
Muitos haitianos foram trazidos por "coiotes" (traficantes de pessoas) e roubados na mata, a caminho do Acre. Com a denúncia de crimes, a Polícia Federal permitiu na semana passada que os haitianos entrassem pela fronteira oficial, na Estrada do Pacífico.
— Os brasileiros sempre criticaram a forma como os países europeus tratavam os imigrantes. Agora, chegou a nossa vez — afirma Corinto.

Fúria Solar
Previsão do clima espacial para os próximos anos: intensa atividade do Sol, com catastróficos apagões na Terra. Estamos preparados para isso?
A agitação fervilhante na atmosfera do Sol é captada em radiação ultravioleta extrema pelo satélite Observatório da Dinâmica Solar, lançado pela Nasa em 2010 para melhorar nosso conhecimento da atividade no Sol e de seu impacto sobre a Terra. Nesta imagem colorizada (cada cor representa um comprimento distinto de onda luminosa), arcos coronais brilhantes se formam entre regiões de forte atividade magnética, ao passo que filamentos mais frios e escuros pairam em suspensão no campo magnético solar.
Em 1º de setembro de 1859, uma quinta-feira, Richard Carrington, um cervejeiro e astrônomo amador então com 33 anos, subiu os degraus que levavam a seu observatório particular perto de Londres, abriu a fresta na abóboda e, como costumava fazer em manhãs ensolaradas, ajustou o telescópio para que projetasse em uma tela uma imagem do Sol medindo 28 centímetros. Em seguida, passou a delinear as manchas solares em uma folha de papel; de repente, diante de seus olhos, “duas áreas de luminosidade brilhante e esbranquiçada” surgiram em meio a um grupo de manchas. No mesmo instante, a agulha do magnetógrafo que pendia de um fio de seda no Observatório Kew, em Londres, começou a se mover com rapidez. E, no dia seguinte, antes do amanhecer, auroras de tons vermelhos, verdes e roxos iluminaram os céus em regiões tão meridionais quanto o Havaí e o Panamá. Gente que estava acampada nas Montanhas Rochosas, confundindo a aurora com o início do dia, se levantou e começou a preparar o café da manhã.
A fulguração observada por Carrington anunciava uma gigantesca tempestade solar – uma enorme explosão eletromagnética que arremessou bilhões de toneladas de partículas carregadas de eletricidade em direção à Terra. Quando essa onda invisível se chocou com o campo magnético de nosso planeta, ela provocou um súbito aumento nas correntes elétricas das linhas de telegrafia. O impacto interrompeu o serviço em vários postos, mas em outros locais os telegrafistas constataram que podiam desligar as baterias e retomar as operações usando apenas a eletricidade geomagnética. “Estamos funcionando só com a corrente fornecida pela aurora boreal”, comunicou-se um telegrafista de Boston com outro, em Portland, no estado do Maine. “Como você está recebendo a minha mensagem?”
“Bem melhor do que com as baterias ligadas”, veio a resposta de Portland.
Os operadores dos atuais sistemas de comunicação e redes de eletricidade não ficariam assim tão calmos. Como, desde 1859, não houve nenhuma outra megatempestade solar com a mesma intensidade, é difícil calcular o impacto que um evento similar teria em nosso mundo interconectado. Mas dá para fazer uma ideia do apagão ocorrido em Québec em 13 de maio de 1989, quando uma tempestade no Sol um terço mais fraca do que a observada por Carrington provocou, em menos de dois minutos, o desligamento da rede que fornecia eletricidade a mais de 6 milhões de pessoas. Uma tempestade como a de Carrington poderia queimar mais transformadores do que há no estoque das companhias de eletricidade, deixando milhões de pessoas sem luz, água potável, ar-condicionado, combustível, telefones ou alimentos e remédios perecíveis durante os meses que seriam necessários para fabricar e instalar transformadores novos. Segundo um recente relatório da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, uma tempestade solar dessa magnitude acarretaria o mesmo prejuízo ocasionado por 20 furacões do tipo do Katrina, ou seja, algo entre 1 trilhão e 2 trilhões de dólares apenas no primeiro ano.
“Nossas previsões sobre o Sol não vão além de poucos dias”, lamenta Karel Schrijver, do Laboratório Solar e Astrofísico da empresa Lockheed Martin, em Palo Alto, na Califórnia. Com a expectativa de que neste ano tenha início o período de máxima atividade solar, os centros de acompanhamento do clima espacial estão atentos. “Tentamos entender como as condições no espaço afetam nossa sociedade”, diz Schrijver.
“Em termos éticos, a coisa certa a fazer quando se identifica uma ameaça dessa magnitude é criar as condições para que estejamos preparados. É como no caso dos terremotos em San Francisco. Do contrário, as consequências são intoleráveis.”
Poucas coisas parecem tão familiares quanto o Sol – sempre o reencontramos no céu, desde que não esteja encoberto – e, porém, poucas coisas se comparam a ele em estranheza. Basta que o observemos através de um telescópio solar, e seu corriqueiro disco amarelo vira uma assombrosa e dinâmica superfície, na qual proeminências tão grandes quanto planetas se projetam no espaço negro, como águas-vivas fosforescentes, e se curvam e se retraem horas ou dias depois, como se arrastadas por uma força invisível.
De fato, é isso o que ocorre. Nem sólido nem líquido nem gasoso, o Sol é constituído de plasma, o “quarto estado da matéria”, que se forma quando os átomos se desintegram e restam apenas prótons e elétrons livres. Todas essas partículas carregadas fazem do plasma solar um excelente condutor de eletricidade – bem mais que um fio de cobre. E o Sol também está repleto de campos magnéticos. A maioria deles fica no interior da imensa circunferência da estrela, mas alguns condutos magnéticos, tão largos quanto a Terra, emergem na superfície sob a forma de manchas solares. É esse magnetismo que coreografa a dança coleante na atmosfera do Sol e impele o vento solar, lançando no espaço a cada segundo 1 milhão de toneladas de plasma, a uma velocidade de 700 quilômetros por segundo.
Por trás de toda essa atividade está a fascinante complexidade do funcionamento de uma estrela que nada tem de excepcional. No núcleo do Sol – um esferoide de plasma, com temperatura de 15 milhões de graus e seis vezes mais denso que o ouro – ocorre a fusão de 700 milhões de toneladas de prótons em núcleos de hélio a cada segundo, e nesse processo é liberada uma energia equivalente à explosão de 10 bilhões de bombas de hidrogênio. O núcleo pulsa com suavidade, expandindo-se quando aumenta e se contraindo quando diminui o ritmo da fusão. Superpostos a essa pulsação lenta e profunda, há uma miríade de ritmos, desde um ciclo de 11 anos nas manchas solares até outros que duram séculos.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Queridos alunos dos 8º,9º e 1º anos,as olimpiadas de geografia esta vindo ai,vamos nos preparar. Alguns assunto para estudar:
sustentabilidade,energia,florestas somos 7 bilhões e outros.boa sorte.

sábado, 25 de agosto de 2012

Primeira usina eletrica no Brasil

Breve histórico da produção de eletricidade no Brasil






A primeira usina elétrica brasileira foi instalada em 1883, na cidade de Campos (RJ). Era uma usina termoelétrica. A primeira usina hidrelétrica brasileira foi construída pouco depois no município de Diamantina (MG), aproveitando as águas do Ribeirão do Inferno, afluente do rio Jequitinhonha.

Mas a primeira hidrelétrica do Brasil para serviços de utilidade pública foi a do rio Paraibúna, produzia energia para a cidade de Juiz de Fora (MG). Era muito difícil naquela época construir uma usina elétrica. O Brasil não tinha nenhuma fábrica de máquinas térmicas, nem possuía grandes reservas exploradoras de carvão ou petróleo, que são os combustíveis dessas máquinas. O panorama só começou a mudar realmente à partir da 1.a Guerra Mundial. Pois ficou muito difícil importar, e por isso, muitos bens passaram a ser feitos aqui. Isso fez com que numerosas indústrias viessem para o Brasil, principalmente para São Paulo, todas elas precisando consumir grandes quantidades de energia elétrica. O governo resolveu então dar incentivos para as empresas de energia elétrica que quisessem vir para o Brasil. A mais importante foi a band and Share, norte-americana que organiza dez empresas de energia elétrica, localizada em nove capitais brasileiras e na cidade de Pelotas (RS). Em 1930, o Brasil já possuía 891 usinas, sendo 541 hidrelétricas, 337 térmicas e 13 mistas. Com a 2ª Guerra Mundial voltou o problema de importação e de racionamento de carvão e petróleo. A essa altura a usina elétrica já era utilizada para outras finalidades, além da indústria da iluminação pública e doméstica.

Uma delas era o transporte elétrico no Brasil. Por isso, eles ficaram conhecidos com o nome de "bondes". Mas o crescimento da capacidade instalada continuava pequeno. Em 1940 tínhamos 1243MW e , em 1945 havíamos aumentado para apenas 1341MW. O governo decidiu intervir para aumentar a taxa de crescimento e disciplinar melhor a produção e distribuição de energia elétrica que até então estava nas mãos das empresas estrangeiras. Um dos primeiros passos foi a criação da Companhia Hidrelétrica de São Francisco (CHESF) que imediatamente começou a construir a usina de Paulo Afonso. Em 1952 foram organizadas as centrais de Minas Gerais (CEMIG) com cinco empresas regionais e suas subsidiárias. Em 1957, crio-se as centrais elétricas de Furnas, que comandou a construção das usinas de Porto Colômbia, Marimbondo, Estreito, Volta Grande e Água Vermelha. Em 1966, foram reunidas as centrais elétricas do Rio Pardo CHERP as usinas elétricas de Paranapanema (USEIPA) e as centrais elétricas de Urubupunbá (CELUSA), para formar as centrais elétricas de São Paulo (CESPE).

Já em 1954 o presidente Getúlio Vargas sentira necessidade de criar uma grande empresa estatal para planejar e coordenar a construção das usinas produtoras de energia e sistematizar sua distribuição.

No entanto sua idéia só vingou em 1963 no governo de Jânio Quadros. À partir daí, o panorama da energia elétrica brasileira mudou radicalmente. Enquanto entre 1940 1 1945 a capacidade instalada aumentara apenas 1,5%. Entre 1962 1976 ela triplicou passando de 5729MW para 17700MW. E de 1976 para 1985 esperava-se que novamente triplique. Para isso era necessário contar com a usina de Itaipú, a maior hidrelétrica do mundo com 14000MW.

Paralelamente a esse aumento da capacidade instalada, a Eletrobrás estuda outras fontes de energia como a solara e a das marés, e formas de transportar grandes quantidades de energia a longas distâncias.

Quando os rios das regiões Sudeste, Sul e Nordeste estiverem totalmente aproveitados será possível transferir energia entre várias regiões por intermédio de um sistema elétrico integrado de âmbito nacional.





sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Meus amores do 9º ano,teremos  alguns trabalhos ainda neste bimestre,como semana da cidadania,feira de conhecimento,então vamos agilizar nossa avaliação ,sera dia 30/08/12.Abraço a todos.